Contar a história de mulheres que inspiram é o principal objetivo do projeto “Mulheres do Agro Antes da Porteira”, que integra o “Encontro de Mulheres do Agro”, da Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap-PB). Durante a 7ª Expoagro do município de Tacima, no Agreste paraibano, o projeto conheceu o trabalho de duas irmãs que encontraram no artesanato um novo sentido da vida.
O secretário da Sedap-PB, Joaquim Hugo, frisa que o projeto objetiva contar histórias de mulheres que assumiram seu protagonismo. “A sociedade precisa reconhecer o trabalho e a força das mulheres, que superam dificuldades nas mais diversas áreas para conquistar seus espaços”, enfatiza.
A assessora de Gestão Social da Sedap-PB, Márcia Dornelles, explicou que “Mulheres do Agro Antes da Porteira é uma ação que busca viabilizar o que ocorre no local de produção. Em Tacima, a oportunidade foi de conhecer as oportunidades de trabalho e negócios para as comunidades locais, gerando renda adicional para as famílias no campo e em especial às mulheres”.
Ela acrescentou: “O artesanato é uma excelente alternativa econômica para as produtoras rurais, permitindo a diversificação da atividade. Estas iniciativas valorizam a cultura local de mãe para filha, fortalecendo a identidade local onde as peças são produzidas levando em consideração todo o aprendizado adquirido por gerações”.
Márcia Dornelles apontou que “as exposições criam oportunidades de renda a partir do campo, promove o intercâmbio cultural entre as comunidades, os municípios e as regiões da Paraíba, como também as pessoas que visitam as exposições vindas de outros estados, enriquecendo a experiência de ambos”. E avaliou que “as Exposições estão proporcionando aos visitantes experiências autênticas e um contato mais profundo com o modo de vida do campo”.
Um exemplo é Edilza Esmerinda de Sousa Nascimento. O artesanato entrou na vida dela como uma espécie de terapia durante o tratamento de um câncer de mama. Professora ativa e fundadora do grupo “Junina Dança Nordestina”, ela precisou se afastar há alguns anos das atividades rotineiras para cuidar da saúde. Para encarar a ansiedade motivada pela doença, ela retomou os trabalhos manuais de crochê que aprendeu ainda na infância.
“Eu já fazia artesanato no tempo de criança, já gostava de fazer crochê como brincadeira, aprendi com as minhas avós. Na nossa cidade não tinha agulhas de crochê. Eu, quando comecei, fazia com agulha de madeira”, relembra Edilza Nascimento, que é professora há 35 anos e ajudou na formação de turmas das mais diversas idades. Após adoecer, ela relata que “eu tive que sair daquele movimento de aluno e tive que ficar resguardada. Eu passei dois anos sem saber o que fazer. Sem escola, sem grupo de dança, foi aí que fui para o crochê. Eu digo hoje que foi a minha cura, porque eu não pensava na doença, pensava em fazer crochê. Eu esquecia até que estava sentindo dor”.
Edilza Nascimento relembrou que a partir daí começou a pensar em criar uma casa de artesanato na cidade. Ela reuniu um grupo de mulheres e buscou apoio junto à prefeitura. Uma casa foi alugada e foi criado o Projeto Viver, que atualmente conta com 28 mulheres participando e está associado a outras nove casas de artesãos de municípios paraibanos. “É fazer e empreender. Eu sempre dou continuidade”. Sobre a arte que vem das mãos, ela diz que “o artesanato representa vida”.
A irmã de Edilza, Elaine de Sousa Ferreira, é outro exemplo de artesã. Ela trabalha com o macramê, onde as peças são feitas usando apenas as mãos, sem a utilização de agulhas para dar os pontos. O início no artesanato também começou ainda criança. Uma decepção com o casamento impulsionou para que abraçasse a arte com as mãos, no caso, o macramê. Ela é uma das fundadoras da casa do artesão de Tacima e também é massoterapeuta.
Elaine Ferreira relembrou: “Eu comecei a fazer as peças em macramê para a família. As pessoas começaram a gostar e fazer encomendas”, contou. Inicialmente, ela fazia as varandas das redes e, posteriormente, adicionou os bicos de pano de prato e passadeiras. Depois, ela se mudou para João Pessoa e divide o tempo entre a cidade natal, Tacima, e a capital, onde participa do grupo católico Doce Mãe de Deus, realizando trabalho voluntário ensinando o macramê no Grupo Santa Clara.
“O artesanato me ajuda muito. Eu me identifiquei com o artesanato há uns sete anos quando o meu marido me deixou. Começou como uma terapia e depois eu passei a comercializar”, afirma Elaine Ferreira. Ela completou: “Por isso eu dou aula. Estou repassando para outras mulheres que existem caminhos. Eu sou feliz, eu gosto do que faço, não é obrigação”.
A secretária de Turismo de Tacima, Josivânia Arcanjo, destacou o trabalho das artesãs. “Tem um valor emotivo. Cada peça dessa que é feita, ela não é industrializada. Ela tem um valor único, é uma criação diferente, às vezes, até personalizada, feita sob encomenda. É uma questão de valorizar os potenciais que nós temos na nossa cidade. É uma riqueza da nossa região”, afirmou.
7ª Expoagro - A secretária de Turismo de Tacima, Josivânia Arcanjo, também falou sobre a retomada da realização da 7ª Expoagro Tacima. A programação do evento começou na última quinta-feira (21), e prossegue até este domingo (24). A exposição havia sido realizada pela última vez há 24 anos e agora foi retomado pela Prefeitura Municipal com apoio do Governo da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca.
“Quando eu cheguei aqui passou um filme porque é um resgate sobre muitos fatores. Eu falei para a minha filha que aqui eu tirei a minha identidade. É emocionante”, comentou Josivânia Arcanjo. Ela acrescentou o caráter multisetorial da 7ª Expoagro Tacima. “O evento foi pensado na junção de vários setores”, disse, pontuando que os três eixos principais do evento são o associativismo, o turismo e a agricultura familiar.
Josivânia Arcanjo realçou que a 7ª Expoagro Tacima vai além de um evento do agronegócio. E lembrou que o turismo e a cultura, assim como a educação, citando a presença de muitas caravanas de estudantes visitando o evento, são valorizados conjuntamente. “Não tem como a cultura não estar junto do turismo, por exemplo”, afirmou. Ela citou, ainda, a conexão entre os municípios, com o fortalecimento do setor através da união de esforços, como a realização do Projeto Serras do Curimataú, que visa desenvolver roteiros conjuntos entre várias cidades da região.
A 7ª Expoagro Tacima é realizada pela Prefeitura de Tacima em parceria com a Sedap-PB, Sebrae-PB, Associação Paraibana dos Criadores de Caprinos e Ovinos (Apacco), Sistema Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-PB), Federação da Agricultura da Paraíba (Faepa) e Governo Federal.
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